sexta-feira, 28 de agosto de 2009

AIDS assim pega/ assim não pega


Assim pega

O HIV pode ser transmitido pelo sangue, sêmen, secreção vaginal e pelo leite materno.

sexo vaginal sem camisinha
sexo anal sem camisinha
sexo oral sem camisinha

uso da mesma seringa ou agulha por mais de uma pessoa

transfusão de sangue contaminado

mãe infectada pode passar o HIV para o filho durante a gravidez, o parto e a amamentação

Instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados



Assim não pega



sexo, desde que se use corretamente a camisinha
masturbação a dois
beijo no rosto ou na boca
suor e lágrima
picada de inseto

aperto de mão ou abraço
talheres / copos

assento de ônibus

piscina, banheiros, pelo ar

doação de sangue
sabonete / toalha / lençóis





Dúvidas Freqüentes


A prática da masturbação com parceiro eventual implica risco de contágio pelo HIV?
Não havendo troca de sangue, sêmen ou secreção, a prática da masturbação a dois não implica qualquer risco de infecção pelo HIV.

Qual o risco de contágio com aparelhos cortantes como aparelhos de barbear, brincos, alicates e piercings?
Atualmente, a maioria dos aparelhos perfuro-cortantes fabricados, como seringas, máquinas de tatuar, aparelhos para colocar brincos ou piercings, são feitos com materiais descartáveis, que não podem ser usados mais de uma vez. Em caso de dúvida, sugerimos perguntar no local sobre os materiais utilizados. O risco de contaminação no contato do sangue com a pele e mucosa oral é menor do que a exposição percutânea (injeção), porque há maior quantidade de células-alvo suscetíveis à infecção pelo HIV na corrente sanguínea. Além disso, na pele e na mucosa oral existem barreiras imunológicas e não-imunológicas que conferem um determinado grau de proteção, uma vez que estes lugares estão em permanente contato com o meio externo e com microorganismos.


Mesmo com a ausência de ejaculação durante o ato sexual é possível ser infectado pelo HIV?
Apesar de o vírus da aids estar mais presente no esperma, essa não é a única forma do vírus ser transmitido em uma relação sexual. Há, também, a possibilidade de infecção pela secreção expelida antes da ejaculação ou pela secreção da vagina, por exemplo. Os fatores que aumentam o risco de transmissão do HIV, nesses casos, são: imunodeficiência avançada, relação anal receptiva, relação sexual durante a menstruação e presença de outras doenças sexualmente transmissíveis como cancro mole, sífilis e herpes genital.


O beijo, no caso de um dos parceiros ter feridas ou fissuras na boca, é uma via de contágio?
Segundo estudos, não há evidências de transmissão do HIV pelo beijo. Para que houvesse possibilidade de transmissão, seria necessário que houvesse uma lesão grave de gengiva e sangramento na boca. O HIV pode ser encontrado na saliva, porém as substâncias encontradas na saliva são capazes de neutralizá-lo. Práticas como beijar na boca, fumar o mesmo cigarro, tomar água no mesmo copo, não oferecem riscos.


A prática do sexo oral sem proteção implica risco de infecção pelo HIV?
Se comparado a outras formas de contágio (sexo vaginal, sexo anal e compartilhamento de seringas, por exemplo), o risco relacionado ao sexo oral é baixo. Contudo, oferece riscos maiores para quem pratica (ou seja, o parceiro ativo), dependendo fundamentalmente da carga viral (quantidade do vírus no sangue) do indivíduo infectado e se há presença de ferimentos na boca de quem pratica (gengivites, aftas, machucados causados pela escova de dente). Caso não haja nenhum ferimento na boca, o risco de contágio é menor. Isto se explica, talvez, pela acidez do estômago, que pode tornar o vírus inativo, quando deglutido. No entanto, na prática de sexo oral desprotegido, há o risco de se contrair herpes, uretrite, hepatite B, ou HPV, independente da sorologia do parceiro.


Atualmente, ainda há a distinção entre grupo de risco e grupo de não risco?
Essa distinção não existe mais. No começo da epidemia, pelo fato da aids atingir, principalmente, os homens homossexuais, os usuários de drogas injetáveis e os hemofílicos, eles eram, à época, considerados grupos de risco. Atualmente, fala-se em comportamento de risco e não mais em grupo de risco, pois o vírus passou a se espalhar de forma geral, não mais se concentrando apenas nesses grupos específicos. Por exemplo, o número de heterossexuais infectados por HIV tem aumentado proporcionalmente com a epidemia nos últimos anos, principalmente entre mulheres.


O que se considera um comportamento de risco, que possa vir a ocasionar uma infecção pelo vírus da aids (HIV)?
Relação sexual (homo ou heterossexual) com pessoa infectada, sem o uso de preservativos; compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente, no uso de drogas injetáveis; transfusão de sangue contaminado pelo HIV; reutilização de objetos perfuro-cortantes com presença de sangue ou fluidos contaminados pelo HIV.

Qual o tempo de sobrevida de um indivíduo portador do HIV?
Até o começo da década de 90, a aids era considerada uma doença que levava à morte em um prazo relativamente curto. Porém, com o surgimento do coquetel (combinação de medicamentos responsáveis pelo atual tratamento de pacientes HIV positivo) as pessoas infectadas passaram a viver mais. Esse coquetel é capaz de manter a carga viral do sangue baixa, o que diminui os danos causados pelo HIV no organismo e aumenta o tempo de vida da pessoa infectada.
O tempo de sobrevida (ou seja, os anos de vida pós-infecção) é indefinido e varia de indivíduo para indivíduo. Por exemplo, algumas pessoas começaram a usar o coquetel em meados dos anos noventa e ainda hoje gozam de boa saúde. Outras apresentam complicações mais cedo e têm reações adversas aos medicamentos. Há, ainda, casos de pessoas que, mesmo com os remédios, têm infecções oportunistas (infecções que se instalam, aproveitando-se de um momento de fragilidade do sistema de defesa do corpo, o sistema imunológico).


Quanto tempo o HIV sobrevive em ambiente externo?
O vírus da aids é bastante sensível ao meio externo. Estima-se que ele possa viver em torno de uma hora fora do organismo humano. Graças a uma variedade de agentes físicos (calor, por exemplo) e químicos (água sanitária, glutaraldeído, álcool, água oxigenada) pode tornar-se inativo rapidamente.
Que cuidados devem ser tomados para garantir que a camisinha masculina seja usada corretamente?
Abrir a embalagem com cuidado - nunca com os dentes ou outros objetos que possam danificá-la. Colocar a camisinha somente quando o pênis estiver ereto. Apertar a ponta da camisinha para retirar todo o ar e depois desenrolar a camisinha até a base do pênis. Se for preciso usar lubrificantes, usar somente os à base de água, evitando vaselina e outros lubrificantes à base de óleo. Após a ejaculação, retirar a camisinha com o pênis ainda ereto, fechando com a mão a abertura para evitar que o esperma vaze de dentro da camisinha, e dar um nó no meio da camisinha para depois jogá-la no lixo. Nunca usar a camisinha mais de uma vez. Além desses cuidados, também é preciso certificar-se de que o produto contenha a identificação completa do fabricante ou do importador. Observe as informações sobre o número do lote e a data de validade e verifique se a embalagem do preservativo traz o símbolo de certificação do INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, cuja finalidade é atestar a qualidade do produto. Não utilize preservativos que estão há muito tempo guardados em locais abafados, como bolsos de calça, carteiras ou porta-luvas de carro, pois ficam mais sujeitos ao rompimento. Utilize somente um preservativo por vez, já que preservativos sobrepostos podem se romper com o atrito.
Por que o preservativo estoura, em algumas situações, durante o ato sexual?
Quanto à possibilidade do preservativo estourar durante o ato sexual, pesquisas sustentam que os rompimentos devem-se muito mais ao uso incorreto do preservativo do que por falha estrutural do produto em si.


A camisinha é mesmo impermeável ao vírus da aids?
A impermeabilidade dos preservativos é um dos fatores que mais preocupam as pessoas. Em um estudo feito nos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, ampliou-se o látex do preservativo, utilizando-se microscópio eletrônico, esticando-o em 2 mil vezes e não foi encontrado nenhum poro. Outro estudo examinou as 40 marcas de preservativos mais utilizadas em todo o mundo, ampliando 30 mil vezes (nível de ampliação que possibilita a visão do HIV) e nenhum apresentou poros. Por causa disso, é possível afirmar que a camisinha é impermeável tanto ao vírus da aids quanto para doenças sexualmente transmissíveis.




Quando a camisinha estoura, que atitude deve ser tomada?
Sabe-se que a transmissão sexual do HIV está relacionada ao contato da mucosa do pênis com as secreções sexuais e o risco varia de acordo com diversos fatores, incluindo o tempo de exposição, a quantidade de secreção, a carga viral do(a) parceiro(a) infectado(a), a presença de outra doença sexualmente transmissível, entre outros. Sabendo disso, se a camisinha se rompe durante o ato sexual e há alguma possibilidade de infecção, ainda que pequena (como, por exemplo, parceiro de sorologia desconhecida), deve-se fazer o teste após 90 dias para que a dúvida seja esclarecida. A ruptura da camisinha implica risco real de aquisição da infecção por HIV. Independente do sexo do parceiro, o certo é interromper a relação, realizar uma higienização e iniciar o ato sexual novamente com um novo preservativo. A higiene dos genitais deve ser feita da forma habitual (água e sabão), sendo desnecessário o uso de substâncias químicas, que podem inclusive ferir pele e mucosas, aumentando o risco de contágio pela quebra de barreiras naturais de proteção ao vírus. A lesão de mucosas genitais pode implicar um risco adicional, pois, caso signifique presença de uma doença sexualmente transmissível, como a gonorréia, o risco de aquisição da aids aumenta. Na relação anal, mesmo quando heterossexual, o risco é maior, pois a mucosa anal é mais frágil do que a vaginal.


Qual o procedimento adequado para uma grávida HIV positivo?
Iniciar o pré-natal tão logo se perceba gestante; usar terapia anti-retroviral segundo as orientações de seu médico, do serviço de referência para pessoas que convivem com o HIV/aids; realizar os exames para avaliação de sua imunidade (exame de CD4) e da quantidade de vírus (carga viral) em circulação em seu organismo; ser submetida ao tipo de parto segundo as recomendações do Ministério da Saúde; receber o inibidor de lactação e receber a fórmula infantil para sua criança (para mais informações ver item Pré-Natal).

Fonte: http://www.aids.gov.br/

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Aranha e seus aspectos históricos e biológicos




As aranhas são animais que chamam a atenção dos cientistas basicamente por dois motivos: suas curiosas teias e seu poderoso veneno, podendo este último ser letal. Este artigo mostrará a química envolvida nestes dois aspectos.
Aranha e seus aspectos históricos e biológicos

Os Quelicerados são um subfilo dos artrópodes (possuidores de pernas articuladas), tendo o corpo dividido em cefalotórax (fusão da cabeça com o tórax) e abdômen. O termo "aranha" é uma designação comum à diversos aracnídeos araneídeos. Existem três classes de quelicerados, sendo que duas pequenas classes (Merostomata e Pycnogonida) contêm espécies marinhas, mas a maioria dos quelicerados é terrestre. Dentro da classe dos aracnídeos estão as aranhas, escorpiões, ácaros e carrapatos.
Os aracnídeos constituem um grupo antigo, do período Siluriano (395-430 milhões de anos) ainda na era Paleozóica. Eram originalmente marinhos mas hoje são terrestres, com exceção de cinco espécies e somam mais de 32.000 espécies conhecidas até o momento. As aranhas variam desde pequenos exemplares com menos de 0,5 mm de comprimento até as grandes migalomorfas tropicais (chamadas de caranguejeiras ou aranhas-macaco) com um comprimento corporal de 9 cm, sendo que a envergadura das pernas pode ser muito maior, chegando aos impressionantes 20 cm de comprimento.
A seda das aranhas

Quimicamente falando, a seda da aranha é um complexo de proteínas composta predominantemente de glicina, alanina, serina e tirosina, denominada genericamente por fibroína. (veja as estruturas do aminoácidos na figura 2). Estruturalmente falando, a seda possui estrutura secundária do tipo b - conformação, ou seja, um arranjo
tridimensional do tipo folha pregueada ou folha dobrada (veja figura 1), sendo que o arranjo lembra uma folha de papel dobrada em ziguezague. Estabelecem pontes de hidrogênio entre seus grupos N - H e C =O.


Estrutura secundária de uma proteína
do tipo b-conformação




Emitida pelas 'glândulas de seda', ao sair delas, a seda ainda é líquida e a proteína que a compõe possui aproximadamente 30 mil u.m.a (unidade de massa atômica) porém, logo endurece, não pelo contato com o ar mas sim pelo próprio processo de esticá-la, processo que muda sua configuração molecular e a fibra polimérica passa para 300 mil u.m.a. Um único cordão é composto por várias fibras, cada uma esticada a partir de uma seda líquida. O estiramento ocorre à medida que a aranha se move para longe à partir de um cordão ancorado ou então puxa os cordões com sua pernas superiores. As aranhas produzem mais de um tipo de seda, e vários tipos são secretados a partir de seis tipos diferentes de glândulas de seda.

Nem todas as aranhas constroem teias para capturar suas presas, sendo que a principal função da seda é reprodutiva, na construção do estojo ovígero sedoso, isso por parte da fêmea. Já o macho utiliza a teia para fazer o transporte do sêmen para os órgãos copuladores. Outra função é a de "linha de reboque", onde uma linha de seda seca serve como dispositivo de segurança para a aranha.
  
  Fig.2-
  Principais aminoácidos que formam a seda das aranhas.





Obs: Outros aminoácidos fazem parte da constituição da proteína responsável pela seda, porém em uma quantidade desconsiderável em relação as citadas acima.














Exemplo de uma teia em órbita
                                        

Quanto ao aspecto da alimentação, a presa pode ser capturada através da armadilha da teia, ou então ativamente, sendo a aranha classificada como "construtora de teia" e "errante", respectivamente. Um exemplo de aranha errante é a classe dos solífugos, que na verdade não são aranhas, mas pertencem a classe dos aracnídeos e são comumente confundidos como sendo "aranhas-do-deserto". A bíblia conta que Deus castigou os egípcios por não libertarem os hebreus infestando suas casas com as "aranhas-do-vento". Embora não sejam peçonhentas, os solífugos podem infligir mordidas dolorosas ao seres humanos. Carnívoros convictos, eles atacam insetos, roedores, lagartos, serpentes e pequenas aves, agarrando-os com mandíbulas que chegam a medir até um terço do comprimento de seu corpo (proporcionalmente, as maiores de todo o reino animal). Também conhecidos como "escorpiões-do-vento", "aranhas-camelo" por causa de sua corcova, eles chegam a pesar 55g, com envergadura de 13 centímetros. A revista National Geographic Brasil afirma: com exceção das baratas, nenhum inseto ou aranha desloca-se com tanta rapidez .
A teia da aranha é um material natural especial, sendo que a combinação de sua dureza e elasticidades ultrapassa quase que qualquer material sintético. No meio científico, um dos produtos naturais que mais chama a atenção é a teia de aranha. A tenacidade, a resistência mecânica e a elasticidade desta seda continuam a intrigar os cientistas, que se perguntam o que dá a este material natural suas qualidades inusitadas.
A propriedade física que caracteriza a resistência mecânica de um material é a tensão de ruptura, definida como a razão entre a força aplicada ao material para seu rompimento e a área de sua seção transversal, tendo a teia da aranha uma das maiores resistências mecânicas já vistas. Já a elasticidade da teia gira em torno de 40%, um valor muito grande quando comparado a outras fibras, como o náilon que estica 20% do seu comprimento sem se romper .
Mais fina que um fio de cabelo, mais leve que o algodão, e (nas mesmas dimensões) mais forte que o aço, não é por nada que ela é uma atração, inclusive no cinema com os filmes Homem-Aranha I e II, onde o jovem Peter Parker passou a produzir teias de aranhas super resistentes e elásticas, protegendo a população dos malfeitores, após ter sido mordido por uma aranha. Evidentemente, trata-se de pura ficção, visto que é impossível uma pessoa adquirir as características de uma aranha sendo mordido por uma. Muito pelo contrário, existem aranhas peçonhentas (ou seja, venenosas) que podem acarretar em uma visita ao hospital, como veremos mais adiante.


Fotos do Desenho Animado "Homem Aranha"


O veneno das aranhas

Segundo os dados do Ministério da Saúde o coeficiente de incidência dos acidentes com araneídeos situa-se em torno de 1,5 caso por 100.000 habitantes, com registro de 18 óbitos no período de 1990-1993. A maioria das notificações provem das regiões Sul e Sudeste (veja mais na tabela 1)


Tabela 1: Pode-se notar na tabela 1 que os principais gêneros que possuem registro de acidente aqui no Brasil são basicamente três: Phoneutria, Loxsceles e Latrodectus. Abaixo, faremos uma análise superficial de cada gênero, juntamente com o gênero Theraphosidae (caranguejeiras), não por serem venenosas (porque não são) mas pelo seu tamanho que acaba criando este aspecto assustador em suas espécies, sendo por isso as aranhas mais conhecidas.


Phoneutria (aranha-armadeira)

As populares "aranhas-armadeiras" assumem um comportamento de defesa bastante característicos quando se sentem ameaçadas: apóiam-se nas pernas traseiras, erguem as dianteira e abrem as quelíceras (veja figura 5). Podem atingir 4 cm de comprimento de corpo e 15 cm com a envergadura das pernas. As Phoneutrinas não constroem teia, sendo portanto denominadas de "errantes", caçando principalmente à noite. Acidentes são comuns em residências, no manuseio de material de construção estocado e calçando sapatos. No Brasil, existem registros das seguintes espécies: : P. fera, P. keyserfingi, P. nigriventer e P. reidyi.

Phoneutria nigriventer

Correspondendo a aproximadamente 42% dos casos notificados no Brasil, embora provoque acidentes com freqüência, raramente levam o paciente a um estado de saúde gr
ave. Estudos experimentais demonstram que o veneno bruto e a fração purificada da peçonha Phoneutrinas nigriventer atuam nos canais neuronais de sódio. Este efeito pode provocar despolarização das fibras musculares e terminações nervosas sensitivas, motoras e do sistema nervoso autônomo, favorecendo a liberação de neurotransmissores, principalmente acetilcolina e catecolaminas, ou seja, o veneno atua no sistema nervoso, mais especificamente nas sinapses, regiões de comunicação entre nossos neurônios (veja figura 6). Já o veneno da Phoneutria spp contém histamina, serotonina e pequenas toxinas que ativam os canais de sódio nas terminações nervosas.



Representação esquematica de uma sinapse


Após a picada, são vistos dois pontos da inoculação, havendo geralmente uma dor local. Há a possibilidade, dependendo do caso e da pessoa, de alterações sistêmicas, como taquicardia, hipertensão arterial, sudorese visão "turva" e vômitos ocasionais. Casos graves, certa de 0,5% dos registrados, são geralmente relacionados a crianças, com a intensificação dos sintomas descritos anteriormente. Em casos mais graves, é indicado o soro antiaracnídico.


 Loxosceles (aranha-marrom)


Dos casos registrados, a "aranha-marrom" (veja figura 7) é a responsável pela forma mais grave de araneísmo no Brasil. Há indicações de que o componente mais importante do veneno das aranhas da família Laxosceles é a enzima esfingomielinase-D que, por ação direta ou indireta, atua sobre os constituintes das membranas das células, principalmente do endotélio vascular e hemácias (glóbulos vermelhos) provocando, em casos graves a necrose dos tecidos próximos a região da picada (ou seja, morte celular).
O veneno desencadeia um intenso processo inflamatório no local da picada, acompanhado de obstrução de pequenos vasos, edema, hemorragia e necrose focal. Entre as espécies de Laxosceles aqui no Brasil, o veneno de L. laeta tem-se mostrado mais ativo no desencadeamento de hemólise experimental (destruição de glóbulos vermelhos do sangue, com liberação de hemoglobina) quando comparado aos venenos de L. gaucho ou L. intermedia.
O Laboratório de Imunoquímica do Instituto Butantan realiza pesquisas sobre as aranhas do gênero Laxosceles, procurando propor um tratamento efetivo contra o envenenamento, o qual ainda não está disponível, procurando esclarecer os mecanismos moleculares envolvidos na patogênese do envenenamento por aranhas Loxosceles. Segundo o sítio do Laboratório de Imunoquímica do instituto , mais de 2000 casos por ano são registrados com envenenamento por aranhas deste gênero.

Latrodectus curacaviensis("flamenguinha")


A revista Superinteressante de dezembro de 1988 faz referência a um acontecimento bastante curioso. Uma esquadrilha da força aérea brasileira deslocou-se da base de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, na manhã de Julho de 1961, para uma missão inusitada: destruir um ninho de aranhas. Euipados com bombas incendiárias, soltaram-nas em um local nos recantos da baía da Guanabara, junto a ilha do Fundão. Além disso, um destacamento de soldados da base do Galião completou o serviço, espalhando gasolina e ateando fogo no resto do local que não havia sido atingido pelas bombas dos aviões. Após a operação, o local foi proclamado livre de um perigo aracnídeo, cientificamente conhecido como Latrodectus curacaviensis (veja figura 8), conhecida também como "flamenguinha", cujo veneno foi considerado, na época, letal ao homem. Na mesma revista, há considerações sobre a missão que, apesar de ser bastante radical, de nada adiantou, sendo que um novo ninho formou-se próximo ao local onde ouve o ataque com os aviões. Especialistas indicaram métodos convencionais, como a borrifação de DDT ou BHC (veja figura 9). O veneno da espécie Latrodectus curacaviensis foi considerado de baixo risco em relação a espécie Latrodectus mactans (viúva negra).
                                         Os famosos inseticidas organoclorados BHC e DDT.



Theraphosidae (caranguejeiras)

Há um pensamento popular que diz: "Tamanho não é documento!". Este pensamento aplica-se perfeitamente as aranhas da espécie Theraphosidae, mais conhecidas como aranhas caranguejeiras. Apesar do seu tamanho assustador, podendo atingir cerca de 25 cm de comprimento com as patas estendidas, elas não têm importância médica.Os acidentes que podem ocorrer estão relacionados com a irritação ocasionada na pele e mucosas por causa dos pêlos urticantes (que queima, ardente) que algumas espécies liberam como forma de defesa. Raramente elas atacam, mas quando o fazem, a picada pode ser bastante dolorida. Apesar disso, o seu veneno não é muito ativo no ser humano. Inclusive, algumas espécies (as mais dóceis) são utilizadas como animais de estimação. umas pessoas confundem as caranguejeiras como sendo Lycosidae (tarântulas). Estas últimas são menores do que as caranguejeiras, porém possuem as mesmas características quanto ao veneno e os pêlos que podem promover dermatites quando entram em contato com a pele de algumas pessoas.
 Um exemplo da espécie Tehraphosidae Harpactira baviana
Fontes:


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Serpentes
Aspectos Clínicos

O veneno injetado nas pessoas pelas cobras peçonhentas, ao ser absorvido pelo organismo provoca reações. Essas reações são diferenciadas de acordo com o tipo da cobra envolvida no acidente.
A ação dos diversos venenos e suas manifestações em acidentes com os quatro gêneros de serpentes têm características tão especiais que, ao serem observadas, ajudam a saber qual o tipo de serpente que provocou o acidente e qual o tratamento adequado, ou seja, facilita o diagnóstico e a aplicação do soro adequado, salvando vidas.
Desta maneira, é de fundamental importância que toda equipe de saúde saiba reconhecer os sinais que são descritos a seguir.

 Envenenamento Botrópico - Jararacas
As jararacas - caiçaca, jararacuçu, urutu, jararacas-do-rabo-branco, cruzeira, cotiara, surucucurana - do gênero Bothrops - cujo veneno provoca hemorragia, são as responsáveis por quase 90% dos acidentes, podendo levar à morte.
A ação do seu veneno no organismo apresenta as seguintes manifestações locais:
• precoce, ou seja, até 3 horas após o acidente:
- dor imediata;
- inchaço (edema);
- calor e rubor no local picado;
- incoagulabilidade sanguínea;
- hemorragia no local da picada ou distante dele (gengiva, ferimentos recentes).
• as complicações que podem surgir:
- bolhas;
- gangrena;
- abcesso;
- insuficiência renal aguda;
- hipotensão arterial persistente;
- choque.

Envenenamento Laquético - Surucucus
Os acidentes com surucucus, também chamadas pico-de-jaca, surucutinga, do gênero Lachesis, são muito raros no Brasil.
O seu veneno no organismo do acidentado provoca reações semelhantes ao veneno das jararacas:
- inchaço no local da picada;
- bradicardia;
- hipotensão arterial;
- diarréia;
- vômitos;
- hemorragia.

Envenenamento Crotálico
A cascavel é responsável por 8% dos acidentes ofídicos. Seu veneno não provoca reação importante no local da picada. Quando essa aparece, limita-se a um pequeno e discreto inchaço ao redor do ferimento, que pode passar despercebido. Mas, o veneno das cascavéis é de muita potência, sendo os acidentes por essas cobras muito graves, levando à morte caso não sejam tomadas providências.
São estes alguns sinais e sintomas de envenenamento:
• precoce, até 3 horas após o acidente:
- dificuldade em abrir os olhos;
- "visão dupla";
- "cara de bêbado";
- visão turva;
- dor muscular;
- urina avermelhada.
• Após 6 a 12 horas:
- escurecimento da urina.
• Complicações:
- insuficiência renal aguda

Envenenamento Elapídico - Corais
Os acidentes com corais são pouco freqüentes; menos de um por cento do total de acidentes no Brasil. Mas, a ação do veneno das corais no organismo é muito rápida, de grande potência e mortal se não for cuidado a tempo. Por isso, os sintomas e sinais aparecem em questão de minutos.
São estes os principais sinais e sintomas:
- dificuldades em abrir os olhos;
- "cara de bêbado";
- falta de ar;
- dificuldade em engolir;
- insuficiência respiratória aguda.
Fonte de Pesquisa:http://www.saude.rj.gov.br/animaispeconhentos/serpaspectos.html
Fonte Imagens:http://www.biomundo.com.br/repteis/repteis.htm

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Soros antiofídicos

                         
Os soros antiofídicos são substâncias contra veneno, eficazes como tratamento em casos de picada de cobras. Existem soros específicos para cada gênero de cobras. Estes são:
ANTIBOTRÓPICO, usado em casos de envenenamento por jararacas (Gênero
Bothrops);
ANTICROTÁLICO, usado em casos de envenenamento por cascavel (Gênero
Crotalus);
ANTILAQUÉTICO, usado em casos de envenenamento por surucucu (Gênero
Lachesis);
ANTIELAPÍDICO, usado em casos de envenenamento por corais (Gênero
Micrurus) do grupo dos Elapíneos;
ANTIBOTRÓPICO/CROTÁLICO (antigo antiofídico), para os casos de picadas por jararacas ou cascavéis;
ANTIBOTRÓPICO/LAQUÉTICO, para as picadas por jararacas e surucucus.
Os soros são produzidos a partir da imunização do cavalo, injetando-se nele o veneno específico da cobra em períodos de dias alternados para que ele crie anticorpos.Ao final de mais ou menos 2 meses, faz-se a sangria do animal para verificar se ele criou anticorpos, ou seja, substâncias que neutralizam o veneno.Este processo é repetido novamente até que os níveis de anticorpos sejam suficientes. Ao final do processo, após a preparação, o soro passa por testes químicos e biológicos até ser considerado apto para o uso humano.Este processo dura em torno de seis meses.Três laboratórios produzem atualmente o soro para uso humano.São eles:
Instituto Butantan, ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo; Fundação Ezequiel Dias, ligada à Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais; Instituto Vital Brazil, ligado à Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro.
A produção de soro desses laboratórios é comprada pelo Ministério da Saúde e enviada às Secretarias de Saúde para ser distribuída aos pólos de aplicação de soro.Além das Secretarias de Saúde, somente os Serviços de Saúde das Forças Armadas recebem o soro.O soro é encontrado nos postos de saúde e em hospitais que foram aprovados pelo Ministério da Saúde. Estes locais são denominados pólos de aplicação de soro.Garantir à população a aplicação do soro no território brasileiro é responsabilidade das Secretarias de saúde de Estados e Territórios e dos Serviços de Saúde das Forças Armadas.É um direito do cidadão ser atendido com a aplicação gratuita do soro quando for necessário.
Soro para uso em animais
Da mesma forma que existe soro para uso em seres humanos, existe o soro para uso em animais, caso eles sejam picados por cobras venenosas.
O soro para uso humano, adquirido pelo Ministério da Saúde, não deve ser aplicado em animais. Existem no Brasil alguns laboratórios particulares que produzem soro para uso em animais. Essa produção é controlada pelo Ministério da Agricultura.
Informações sobre o assunto podem ser conseguidas no endereço e telefone abaixo:
Divisão de Produtos VeterináriosSecretaria Nacional de Defesa Sanitária AnimalMinistério da AgriculturaEsplanada dos Ministérios, Anexo - sala 314 - Ala ACEP: 70.043-900 - Brasília - DFTel.: (61) 218-2232 / 223-7073 / 218-2704
Fonte: http://www.saude.rj.gov.br/
     

Processamento do Plasma para Obtenção do Soro
       
                                                  
                                                  Fonte:http//infobibos.com

Animais Peçonhentos

O que são Animais Peçonhentos?
Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Portanto, peçonhentos são os animais que injetam veneno com facilidade e de maneira ativa. Ex.: Serpentes, Aranhas, Escorpiões, Lacraias, Abelhas, Vespas, Marimbondos e Arraias.
Já os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (lonomia ou taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu).
Fonte: SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ. Centro de Epidemiologia do Paraná. Centro de Informações Toxicológicas de Curitiba. Prevenção de Acidentes com Animais Peçonhentos. Cartilha. Curitiba, 1997.